quinta-feira, 6 de agosto de 2009


ARGUMENTANDO

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Temos optado por um trajeto educacional diferente para os filhos menores. Além da educação formal, neste momento desenvolvida no Colégio Santa Úrsula (que tem nos surpreendido positivamente) e a formação paralela envolvendo o estudo da língua inglesa, os colocamos (refiro-me aos gêmeos) para o estudo de leitura e literatura sob a orientação de Arriete Vilela e de sua filha. Pretendemos deixá-los até a entrada na universidade, e quem sabe até mesmo depois do ingresso. Vai depender da tolerância das professoras, porque como elas nos dizem os dois são bem danadinhos – risos. A nossa pretensão é despertar neles o interesse pela boa leitura, e ajudá-los a entender o que estão lendo numa atitude de reflexão e discernimento.

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Confesso que já me surpreendo com o desenvolvimento dos dois, especialmente no emprego correto do vocabulário e no crescimento (se é que já podemos falar assim) intelectual de Lucca e Louise. Sem antecipar o amadurecimento (porque continuam crianças), quando desejam se portam como verdadeiros adultos.

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Noite passada, estava chegando depois de mais um dia de trabalho, e encontrei Louise sentada à mesa fazendo suas tarefas escolares. Ela fica sempre esperando que a iniciativa de cumprimento parta de mim, e se não acontece lá vem reclamação. Às vezes, até finge estar adormecida quando entro em seu quarto, para testar se não me esqueço de beijá-la. Quando a beijo faz um sorriso de satisfação e “desperta” (porque não dormia). Lucca é mais de correr para o abraço.

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Numa dessas noites passei por ela sem dar muita atenção, e, quando já fazia o caminho do meu quarto, ela me interpelou: “Pai, o que significa argumentar?”. Aprendi que filho dificilmente pergunta coisas que ainda não sabe. O que não sabe ele gosta de descobrir sozinho. Quando pergunta é sempre para saber se falamos a verdade quando respondemos, ou porque deseja abrir outra conversação.

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Interrompi a minha caminhada, e sentei-me à mesa com ela para tentar dar a explicação. Argumentar, pode significar: “(fui falando) Uma série de explicações que oferecemos quando desejamos convencer uma pessoa sobre determinada coisa ou situação, que estamos fazendo ou pretendendo fazer, mas estamos encontrando dificuldade. Dessa forma vamos juntando fatos que nos ajude a resolver essa questão. Argumentar então é uma maneira de se fazer entender, quanto mais consistentes forem nossos argumentos mais chance temos de sucesso)”.

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A resposta dela: “Muito bem pai seus argumentos me convenceram”. A curiosidade agora voltou para mim, e lhe perguntei: “Com quem você está precisando argumentar?”. Aí ela abriu o jogo e me contou: “É o seguinte pai, eu estou precisando convencer a mainha a pagar as massagens que faço nela em dólares (Louise esta juntando dinheiro para gastar em Orlando no mês de fevereiro), e para ela entender vou precisar de um bom poder de argumentação. Até porque, para ganhar um dólar vou ter que receber R$ 2,00”.

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Apenas respondi-lhe: “É filha, bem conhecendo a sua mãe, acho que a sua tarefa é espinhosa (para não dizer missão impossível). Acho até mais fácil você desenvolver um exercício de argumentação para que os homens possam entender melhor as mulheres”.