quinta-feira, 7 de maio de 2009






EU FICO COM A OPINIÃO DO CARTEIRO

A sucessão de escândalos em nosso país deixa-nos entorpecidos. Como sempre esperamos que depois aconteça um ainda pior, acabamos achando que o acontecido mais recente é coisa do passado (nesse caso, o passado é a semana passada).

Este é o país do escândalo de plantão. É necessário apenas aguardarmos a circulação das revistas de finais de semanas para ter acontecimento novo, ou mesmo para um aprofundamento nos velhos escândalos (chamo de velhos, insisto, os da semana que passou).

Poeira levantada, é só ficar procurando que vamos encontrar desdobramentos (funciona como farofa em ventilador). Agora foi a vez de um juiz que se utilizava das prerrogativas de seu cargo para embarcar e desembarcar sem passar na alfândega. Lembro-me da confusão que aconteceu com a Seleção Brasileira depois da conquista do Pentacampeonato porque passaram com suas malas e mercadorias sem a fiscalização.

Nesse caso recente, além de abusar da importância do cargo, e diante de manifesto conflitos de interesses (porque tinha sob sua tutela processos da companhia aérea utilizada), ainda aproveitava para solicitar mudanças nas categorias dos voos, objetivando desfrutar das regalias da primeira classe.

O pior é que esses benefícios também foram extensivos a familiares e amigos. No entanto, mais grave ainda é que, mais uma vez, isso não vai dar em nada e o próximo escândalo abafará o da vez.

De tudo, o que mais me deixou feliz foi uma declaração de um carteiro enviada para a seção de leitores, revelando a sua opinião simples e sensata. Disse ele o seguinte: “eu, como carteiro, tenho o privilégio (direito adquirido pela função exercida) de embarcar sem pagar o meu transporte (ônibus, e sem direito a primeira classe, podendo mesmo viajar em pé). No entanto, isso não me confere o direito de também levar a minha esposa pela porta dianteira”.